E quem disse que precisa sair de Goiás para fazer enoturismo? Saiba que dá para conhecer mais sobre a produção de sucos, vinhos e outros produtos naturais feitos com uva plantada e colhida em pleno Cerrado goiano, bem pertinho da capital.
Uma vinícola em Itaberaí, a 100 quilômetros de Goiânia, oferece um tour completo para quem quer apreciar uvas, sucos integrais naturais e vinhos, entre brancos e tintos. Logo na entrada, o lugar encanta. Um extenso corredor verde feito com eucaliptos e sansões do campo chama a atenção. Depois, parreirais a perder de vista, carregados de cachos, tomam conta da paisagem.
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Pioneiro em Goiás, o fundador e proprietário da Vinícola Goiás, Danilo Razia, 65, nascido em Bento Gonçalves-RS, explica que viu na região o cenário perfeito para iniciar a plantação comercial, há 24 anos.
“Aqui é plano, bom de trabalhar, terra vermelha, terra boa. Gostei muito da região. Quando conheci Itaberaí, vim sem cobertor, quase morri de frio, fez 12 graus à noite. A uva requer isso, uma temperatura fria à noite e quente durante o dia, é o essencial. Além disso é adubo e água no pé, o resto é história”, relata Razia.
O produtor, que hoje conta com 29 mil pés de uva em Itaberaí e outros 6 mil pés em Itauçu, cidade vizinha, lembra que acreditou sozinho que conseguiria plantar a fruta em solo goiano.
“Quando cheguei aqui não existia plantação de uva em nível comercial, só em fundo de quintal nas casas. Chamei assistência técnica aqui, agrônomos, mas ninguém acreditou. Teve até um que duvidou, chegou a ser grosseiro, falou que chuparia toda uva que desse aqui. Comecei com um hectare em nível comercial de uva e deu muito certo. Daquele um fui levantando dois, três, quatro, cinco e hoje está com mais de 13 hectares aqui na propriedade”, argumenta.
Tour com degustação
Com o crescimento da produção, Razia e a família decidiram abrir a vinícola aos finais de semana para uma experiência única: o enoturismo. Nesse sentido, a atração acontece apenas aos sábados e domingos pela manhã, a partir das 10h. O local recebe cerca de 100 visitantes nos dois dias e é necessário reservar com, no mínimo, 24 horas de antecedência.
Com aproximadamente 2 horas e meia de duração, os visitantes fazem um passeio pelos parreirais e têm 30 minutos para degustar as uvas, diretamente nos cachos.
O tour, contudo, é guiado pelas filhas Daniela Razia e Janaína Arantes. “Na primeira safra, do plantio à colheita, são dois anos. A partir daí, com as podas, esse prazo passa para 120 dias”, conta Daniela.
Na visita, são elas que contam a história do lugar e como deve ser feita a apreciação dos frutos, inclusive a forma correta de retirar o cacho e o passo a passo do plantio.
Posteriormente, o grupo é direcionado para o salão principal da vinícola para degustação de sucos integrais naturais, vinhos e cachaça produzidos ali mesmo, tudo acompanhado de uma generosa tábua de frios.
Ademais, um dos produtos oferecidos é a cachaça feita com a graspa (casca) da uva, e que possui 39% de teor alcoólico. “Fica uma bebida leve, que não pesa na cabeça. Você pode fazer até uma caipirinha com ela que não pesa como acontece com a cachaça comum da cana de açúcar”, frisa o produtor.
Diversos tipos de uvas
A vinícola em Itaberaí produz uvas dos tipos Niágara branca, Niágara rosa, Isabel precoce e comum, Lorena, Cabernet Franc, Vitória, Itália e Rubi. Só no Estado de Goiás, Danilo Razia já ajudou a plantar mais de 180 hectares de uva.
O produtor conta uma curiosidade da uva Bordeaux, e frisa que o plantio desse tipo da fruta é um dos mais complexos no clima de Cerrado.
“Realmente aqui a Bordeaux não dá como deveria. Só que é uma uva que dá muito sabor. A gente chega a colocar 20% de uva Bordeaux misturada com a Isabel para dar um suco mais encorpado, mais bonito”, argumenta.
Inspiração
Danilo Razia conta que a fundação da vinícola inspirou outros produtores em Goiás. Em todo o estado, já auxiliou no plantio de mais de 180 hectares da fruta.
“Isso começou a despertar nos goianos plantar a uva. A gente planta, dá assistência de até dois anos, passa toda a tecnologia para eles. No Entorno de Brasília está cheio de uva, tudo nós que plantamos. Paraúna, São João da Paraúna, Pirenópolis, tudo a gente que plantou e todos deram certo”, relata.
Danilo Razia conta que uma particularidade da produção é que as garrafas utilizadas para envasilhar os vinhos e sucos vêm do Sudeste e Sul do país, e ele próprio busca o material.
“Hoje todas as garrafas nossas vêm de Santa Catarina e uma parte de São Paulo. O suco de uva, por exemplo, é engarrafado a 80 graus Celsius, para que o produto fique natural”, frisa.
Cidadão itaberino e goiano
O gaúcho de Bento Gonçalves, pai de cinco filhos, faz questão de fazer parte de todo o processo, do plantio à venda de cachos de uva na barraquinha às margens da GO-070, em Itauçu. Danilo Razia, que já recebeu títulos de cidadão itaberino e goiano, faz o convite para conhecer a vinícola.
“Eu já me considero um goiano. Convido o povo goiano e a todos para conhecer a vinícola e compartilhar esse momento com a gente. Já temos aqui dez produtos feitos a partir das uvas e teremos ainda mais futuramente”, conclui.
A família contou à reportagem da Sagres que novas experiências estão no projeto da Vinícola Goiás, e que em breve um festival italiano deverá integrar a agenda do lugar. Informações sobre preços e reservas para o tour na vinícola podem ser feitas via WhatsApp: (62) 99946-2199.
Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 08, 09 e 11 – Trabalho decente e crescimento econômico, Indústria, inovação e infraestrutura e Cidades e comunidades sustentáveis, respectivamente.
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